CRÍTICA TEMPO DE DESPERTAR

17/01/2019

Tempo de Despertar e aquilo que realmente importa

Ficha Técnica:

Ano: 1990               Duração: 2h0m                   Gênero: Biográfico, Drama, Livro

Diretor:  Penny Marshall                Elenco: Robin Williams, Robert De Niro, Julie Kavner

Sinopse: (a partir dos 12 anos)

Baseado em uma história real, o pesquisador médico Dr. Malcom Sayer começa a trabalhar em um hospital de doenças crônicas no verão de 1969, lá, ele tenta tratar um grupo de pacientes há mais de trinta anos em um estado de coma.

(ESSE FILME PODE SER ASSISTIDO NA NETFLIX - HD 5.1)

ESTA CRÍTICA PODE CONTER SPOILERS:

"Nada na vida é tão grande quanto um simples milagre"

Sempre fui fã de filmes baseados em histórias reais, principalmente se a história for além de figuras prepotentes querendo alcançar o sucesso e imparciais quanto a contar sobre sua própria vida, como no cansativo filme biográfico de Steve Jobs e tantos outros. 

Também sempre fui fã de filmes sobre médicos, porque sei que nesses lugares há muito para se contar e também para aprender. E quantas histórias existem, nesses lugares, de nos encher os olhos? Com o filme Awakenings, Despertares ou Tempo de Despertar, temos uma história comovente e real, que aconteceu no verão de 1969.

Em Tempo de Despertar temos a figura de Robin Williams, sempre impecável em sua atuação como o médico pesquisador e teórico Malcom Sayer. Sempre fui fã de Robin, sua imagem me acompanhou em filmes desde que eu era pequena e vê-lo de novo na tela - sabendo de sua trágica história - me desperta uma sensação de saudade, compaixão e melancolia. O filme também tem toda essa carga, o que só colabora para que fiquemos emotivos. 

O Dr. Malcom Sayer (Robin Williams) começa a trabalhar num hospital para doentes crônicos, no Bronx. Lá, ele nota pacientes que estão em estado inerte, chamados quase de catatônicos e cuidados como tal há mais de vinte ou trinta anos. Isso o incomoda. Nenhum dos médicos ali tentou buscar entender o que aconteceu com esses pacientes? Mudar isso? Ou pelo menos tentar entender as diferenças entre esses pacientes? 

Afinal, como fazê-los reagir a vida real? Por ser um médico teórico, ele começa a buscar em livros, jornais e em outros pesquisadores a resposta para as suas perguntas. Ao mesmo tempo, luta para tirar dos pacientes qualquer reação, mesmo que mínima, observando as diferenças entre eles. E ele as tem.

Não posso contar qual o desenvolvimento dele, seria um baita spoiler. Mas é quando se acha uma possível solução, que temos então a "entrada" do grandioso Robert De Niro, numa belíssima atuação como Leonard. Sempre fui fã do De Niro, mas devo dizer que sua atuação nesse filme está impecável. O seu movimento, a boca, jeito de andar, falar e principalmente seus sorrisos e olhares nos passam a emoção de quem esteve preso e adormecido por mais de 30 anos.

É impossível negar que me emocionei com o filme e com todos os pacientes do Dr. Malcom, cada um com sua peculiaridade, presos em corpos que eles não reconhecem. Temos outros personagens que nos fazem encher os olhos de lágrimas, como; Lucy, a mãe de Leonard e o Doutor Anthony, com sua alegria e bom humor, sendo o único doutor negro no filme.

O filme retrata bem a dor dos pacientes, a impaciência dos parentes que acompanharam a doença e agora acompanham a ação de evolução e claro, a perda de quem eles são. Imagine ficar congelado, paralisado por anos como se estivesse preso e então, você começa a reagir a padrões e a chamados. Você pode dançar, pode sorrir, pode dizer seu nome. O quão forte isso é e o quão difícil seria perder isso de novo?

Cenas como uma mãe preocupada e com ciúmes, poder olhar pela janela sozinho e tantas outras, são extremamente marcantes no filme. Robin Williams em muitos momentos transpassa a emoção em seus pequenos olhos azuis. Enquanto o seu Dr. Sayer sorri para seus pacientes, seus olhos marejados entregam a emoção de um ator que entendia o quão forte era aquela história e o poder de querer ter vida novamente.

Difícil ser imparcial quanto a sentimentalismo, num filme no qual foi impossível não entregar meu coração e cair em lágrimas com a história. E difícil definir se aquilo era ciência, química, medicina, ou um milagre. Gosto de acreditar que graças aos primeiros, ou não, o fenômeno ocorrido no filme pode sim ser chamado de milagre. Com isso é mais fácil compreender o que deu certo e o que deu errado, aceitando que nem sempre a vida nos dá um final feliz, se nos lembrarmos da frase do filme:

"Nada na vida é tão grande quanto um simples milagre, mas as vezes, precisamos ajustar o milagre às nossas realidades." 

E talvez, o Tempo de Despertar não fale apenas sobre o despertar de pacientes paralisados por tanto tempo, mas sobre perceber o que realmente importa na nossa vida. As pessoas a nossa volta, que se preocupam e cuidam da gente (nas horas boas e nas mais difíceis) e as coisas simples da vida como; atravessar a rua, falar com alguém que você gosta e poder escolher pra qual direção você quer ir. 

Talvez, o Tempo de Despertar seja um aviso para quem assiste, de que o tempo de acordar para a vida, de perceber o que realmente importa é agora. E claro, de que os milagres não precisam se ajustar a realidades, porque a nossa vida por si só, já é um grande milagre.

NOTA: 9,5/10

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